sábado, 28 de junho de 2008

Into the Wild: hype justo!

Com filho pequeno e grana curta, cinema acaba sendo raro na vida de um jovem casal. Ademais, estou escrevendo minha monografia para a conclusão da pós-graduação, e todo tempo em casa é precioso. Então da-lhe home video!!! É por isso que só assisti Into the Wild esta semana, e agora entendo todo o hype em torno da adaptação de Sean Penn para o livro de John Krakauer.
Chris "Alexander Supertramp" McCandless é um protagonista que se pretende tão simpático quanto Holden Caulfield, de O Apanhador no Campo de Centeio, livro que aliás aparece lendo em uma das cenas do filme. Sua jornada é a de um equilibrista sobre a linha tênue que divide um homem em busca de auto-conhecimento e um jovem rebelde sem causa. Sua integridade garantem que não perca o equilíbrio, e atinja seu objetivo. O papel é interpretado por Emile Hirsch na medida certa, sem exageros.
O filme também é um tributo às belezas naturais dos Estados Unidos, as vastas paisagens que já foram cenários de tantos outros road movies, gênero que une liberdade e drama de forma única, vide o grande Paris, Texas.
Sean Penn se afirma como um diretor com características marcantes, no que tange a temáticas que, embora universais, manifestam-se de forma bem particular na cultura americana, como os relacionamentos familiares, o consumismo e a solidão. A meu ver, nessa linha suas escolhas de forma e conteúdo se aproximam das de Clint Eastwood como diretor.
E enfim, como prova de que leitmotiv bem escolhido é infalível, agora entendo porque a trilha de Eddie Vedder vende tanto. As canções estão extremamente bem posicionadas nas cenas, e são profundas, tanto as letras quanto as músicas. Me lembro bem do momento em que retrata-se o homem interagindo com a natureza, com recurso slow motion, na cena em que Chris cria um chuveiro natural. Apesar de não lembrar exatamente qual música toca, a passagem é marcante porque ali existe uma canção forte. Os puristas que me perdoem, mas se Vedder continuar nessa toada e solidificar uma carreira solo, deve atingir tanta relevância quanto seu ídolo Neil Young na história da música popular americana.
Nada mal se as escolas de Eastwood e Young formarem discípulos dedicados como Penn e Vedder!!! Um alívio se a cultura dá esses bons sinais, e retrata com clareza essa sociedade tão cheia de conflitos de toda sorte. Um país cuja Suprema Corte decidiu na última quinta-feira que é sim direito individual inalienável portar armas de fogo, segundo garante sua Constituição. John McCain assina embaixo. Disse que o direito de portar armas é "sagrado". Mas essa já é uma outra história, da qual só conhecemos o prólogo. Ficará para os cineastas de gerações muito posteriores às de Eastwood e Penn levá-la ou não aos cinemas.

2 comentários:

pseudo-autor disse...

Este filme está na minha lista de prioridades, junto com Não Estou Lá (que, infelizmente, por conta da má distribuição de salas no RJ não consegui ver na tela grande). Eu li o livro o Krakauer e achei deslumbrante. Espero que o filme seja tão bom quanto.

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http://robertoqueiroz.wordpress.com

pseudo-autor disse...

Igor, eu sou - como toda profissional de comunicação - um fuçador de espaços alheios. Foi assim que encontrei o seu blog. Estou sempre em busca de pessoas que tenham o que dizer. E você, com certeza, é uma delas. Obrigado pela visita e sinta-se à vontade pra voltar quando quiser. Afinal, o blog foi montado pensando nesse debate mesmo.

P.S: Assisti hoje de manhã Na Natureza Selvagem e é bárbaro, realmene. Sean Penn não é que é à toa.Ele já tinha tirado onda em A Promessa e agora ele foi além.

Abraço.

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