domingo, 29 de junho de 2008

Voto do Cabresto é coisa do presente. E com requintes de crueldade.

Ontem Robert Mugabe foi "eleito" pela sexta vez consecutiva para governar o Zimbábue. As aspas se devem ao fato de que seu oponente, Morgan Tsvangirai, retirou a candidatura ates da data do pleito literalmente por uma questão de vida ou morte: partidários seus tiveram dedos e mãos cortadas para que não pudessem votar, já que no país vota-se com impressões digitais.
E quem escapou com vida, ou melhor, com mãos e dedos, acabou sofrendo a violência no dia da eleição. A organização de defesa dos direitos humanos, Human Rights Watch (HRW), publicou um relatório sobre as eleições, segundo testemunhos colhidos no país: "várias pessoas disseram à HRW que, nas primeiras horas do dia 28, partidários da Zanu-PF (União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica) iam de porta em porta, forçando o povo a mostrar a tinta de suas mãos como sinal de que tinham votado. (...) Quem não tinha tinta nos dedos era levado às sedes da Zanu-PF e eram espancados com bastões e com paus." Essa é a atitude do homem que foi um dos principais líderes da revolução de conquista da independência do Zimbábue em relação ao Reino Unido, em 1980.

Abaixo, mais notícias sobre essa barbárie que é o governo do Zimbábue:

Zimbabwe: UN envoy holds talks with regional leaders on political strife
Mugabe é eleito presidente do Zimbábue com mais de 80% dos votos
'Eleição no Zimbábue não refletiu vontade do povo'

sábado, 28 de junho de 2008

Into the Wild: hype justo!

Com filho pequeno e grana curta, cinema acaba sendo raro na vida de um jovem casal. Ademais, estou escrevendo minha monografia para a conclusão da pós-graduação, e todo tempo em casa é precioso. Então da-lhe home video!!! É por isso que só assisti Into the Wild esta semana, e agora entendo todo o hype em torno da adaptação de Sean Penn para o livro de John Krakauer.
Chris "Alexander Supertramp" McCandless é um protagonista que se pretende tão simpático quanto Holden Caulfield, de O Apanhador no Campo de Centeio, livro que aliás aparece lendo em uma das cenas do filme. Sua jornada é a de um equilibrista sobre a linha tênue que divide um homem em busca de auto-conhecimento e um jovem rebelde sem causa. Sua integridade garantem que não perca o equilíbrio, e atinja seu objetivo. O papel é interpretado por Emile Hirsch na medida certa, sem exageros.
O filme também é um tributo às belezas naturais dos Estados Unidos, as vastas paisagens que já foram cenários de tantos outros road movies, gênero que une liberdade e drama de forma única, vide o grande Paris, Texas.
Sean Penn se afirma como um diretor com características marcantes, no que tange a temáticas que, embora universais, manifestam-se de forma bem particular na cultura americana, como os relacionamentos familiares, o consumismo e a solidão. A meu ver, nessa linha suas escolhas de forma e conteúdo se aproximam das de Clint Eastwood como diretor.
E enfim, como prova de que leitmotiv bem escolhido é infalível, agora entendo porque a trilha de Eddie Vedder vende tanto. As canções estão extremamente bem posicionadas nas cenas, e são profundas, tanto as letras quanto as músicas. Me lembro bem do momento em que retrata-se o homem interagindo com a natureza, com recurso slow motion, na cena em que Chris cria um chuveiro natural. Apesar de não lembrar exatamente qual música toca, a passagem é marcante porque ali existe uma canção forte. Os puristas que me perdoem, mas se Vedder continuar nessa toada e solidificar uma carreira solo, deve atingir tanta relevância quanto seu ídolo Neil Young na história da música popular americana.
Nada mal se as escolas de Eastwood e Young formarem discípulos dedicados como Penn e Vedder!!! Um alívio se a cultura dá esses bons sinais, e retrata com clareza essa sociedade tão cheia de conflitos de toda sorte. Um país cuja Suprema Corte decidiu na última quinta-feira que é sim direito individual inalienável portar armas de fogo, segundo garante sua Constituição. John McCain assina embaixo. Disse que o direito de portar armas é "sagrado". Mas essa já é uma outra história, da qual só conhecemos o prólogo. Ficará para os cineastas de gerações muito posteriores às de Eastwood e Penn levá-la ou não aos cinemas.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Radio Music Machine: empreitada de um cara que nasceu no Rock!

Deni Martins ouve rock desde sua gestação. Seu pai foi um grande colecionador de discos, livros e revistas sobre o assunto, além de baixista de várias bandas dos anos 60 em diante. Os ensaios dessas bandas, bem como festas, rolavam no quintal de sua casa. Deni, hoje com 32 anos, e seu irmão, o baterista Erick, começaram a montar suas bandinhas quando ainda pequenos, e com o tempo passaram a ser eles os anfitriões desses ensaios e festas. Tenho conhecimento de causa, já fui há varias dessas festas, toquei muito rock e posso dizer que eram coisa de primeira. Dá saudade! Os improvisos rolavam noite a dentro, regados a muita cerveja. Entre as bandas de que Deni fez parte estão The Krets (junto comigo, Luiz Teddy e Marcos Piu-Piu), o trio Rockett 88 (com Erick e o guitarrista Julio Maria), e o Rockterapia. Há alguns anos Deni se tornou programador musical, o que foi um passo importante para a idéia e a criação da Radio Music Machine, na Internet. Fora o trabalho e a rádio, Deni administra as traquinagens do Caio, seu filho de 3 anos, segundo ele "um puta companheirão de vida e que também já toca a sua guitarrinha e dá seus rufos na bateria". Segue uma breve entrevista com Deni Martins sobre a rádio.

1) Como surgiu a idéia da rádio? Foi muito difícil desenvolver?
A idéia da rádio apareceu numa conversa com meu irmão que tem uma empresa de internet e também gosta de música tanto quanto eu. Nesse papo a gente percebeu que no Brasil, apesar de existir um monte de gente que goste de rock and roll, não tem uma rádio que misture na sua programação classic rock, blues, doo-wop, rockabilly, soul, progressivo e o que mais a gente puder lembrar de música relacionada aos anos 50, 60 e 70. Geralmente as rádios na Internet segmentam os estilos. Uma toca blues, a outra toca 70, a outra só progressivo, outra só rola Oldies e por ai vai. A gente sentia falta também de ouvir em algum lugar a música brasileira feita nessa época como a Jovem Guarda e o Tropicalismo. Sem falar nas bandas nacionais dos anos 60 que são pura garageira, e eu particularmente adoro. Agora, quanto a desenvolver, deu um pouco de trabalho sim. Como não tinhamos uma noção exata de como colocar a rádio no ar, tivemos que pesquisar bastante uma maneira legal de fazer acontecer. Outra coisa que deu trabalho foi passar pra MP3 coisas que eu tenho em CD convencional.....foram noites e noites só nisso, mas agora acho que valeu a pena.

2) Você tem idéia de número de acessos e pedidos mensais? Aliás, sobre os pedidos, conforme uma pessoa faz um pedido, a música toca personalizada, só para ela, ou sempre na programação geral?
O número de acessos ainda é pequeno, mas isso se deve à falta de tempo pra dedicação que a rádio merece. Culpa minha, é claro!!! rssss. Mas dá última vez que a gente viu esse número, estava em torno de 40 acessos por mês. Vai ser preciso mais divulgação pra melhorar esse número. E com o acesso baixo, os pedidos também acabam sendo baixos... mas pelas coisas que a gente tem como planejamento, tenho certeza que isso vai aumentar.
Os pedidos funcionam da seguinte maneira: a pessoa escolhe uma música pela playlist, faz o pedido e a música entra automaticamente na programação geral da rádio, ou seja, todo mundo escuta. Ainda não temos o artifício de fazer a música tocar só para o cara que escolheu, mas a playlist tem umas ferramentas legais que futuramente espero usar. Por exemplo, hoje um ouvinte pode escolher 10 músicas num intervalo de 1 hora, mais que isso a rádio trava os pedidos desse ouvinte. Outra coisa legal é a opção de lista de pedidos. As músicas pedidas entram numa lista e vão para a programação quando eu aprovar, assim escolho qual a melhor hora pra ela tocar. Por enquanto, escolheu tocou.

3) Você toca a rádio sozinho? Quanto tempo dedica por semana a ela?
Como funciona a montagem da programação?
Hoje eu toco sozinho a rádio em relação à programação, textos e vídeos. Só na parte tecnológica que tenho ajuda do pessoal da N4web, que é a empresa que cuida disso pra mim. Mas isso é um ponto que quero mudar. Quando montei a rádio a intenção era que meus amigos e colaboradores participassem da rádio, escrevendo, sugerindo, trazendo músicas para a programação e contribuindo com idéais. Claro que sempre alinhado com o segmento da Music Machine, que é voltado não só para o Rock, mas todos os gêneros musicais e culturais que surgiram principalmente nas décadas de 50, 60 e 70. Digo "principalmente" mas quero colocar na grade, por exemplo, bandas como Black Crowes, Stray Cats e Arc Angels, que apesar de terem surgido entre os anos 80 e 90, bebem uma água que foi engarrafada bem antes disso...rsssss

4) Notei, num post sobre Johnny Winter no blog da rádio, que dois estrangeiros elogiaram a Music Machine. Como está essa repercussão? Quais as suas formas de divulgação?
Apesar da quantidade de acessos ainda ser pequena, a rádio acabou se espalhando não só no Brasil como fora também. Temos ouvintes nos EUA, Inglaterra, Portugal, Espanha, Canadá e até no Japão!!! Quando fiquei sabendo disso não acreditei e quando vi os posts dos americanos na rádio tive a certeza de que a coisa está indo pelo caminho certo. No Brasil, a audiência também sai para fora da capital de São Paulo. Tem gente de Fortaleza, Rio de Janeiro, Santa Catarina e vários ouvintes pelo interior de São Paulo. Agora é melhorar a divulgação, que hoje está basicamente na captação de e-mail e alguns disparos de newsletter, e aumentar o números de ouvintes e de gente participando efetivamente da rádio.

5) Quais são seus projetos para a rádio em 2008?
O principal projeto é conseguir mais tempo dedicado a rádio. Espero conseguir ajuda de amigos pra aumentar o conteúdo escrito, tanto na seção Discoteca Básica que são os discos indicados pela rádio, como as matérias informativas sobre os acontecimentos no mundo da música, envolvendo artistas e bandas relacionadas ao segmento da rádio. Mas a coisa que mais quero fazer é incluir em alguns dias da semana programas ao vivo, com narrações e programação musical baseada em temas específicos. Um exemplo do que a gente tá bolando é fazer um programa sobre a influência de bandas sobre outras bandas, e isso no mundo todo. Já pensou fazer um programa de bandas nacionais que fizeram versões de músicas dos Beatles? Ou dos Stones? Ou dos Hollies? Puta, isso vai ser o maior barato!! Já tem algumas coisas definidas quanto a esses programas, e espero começar com isso logo. E depois esses programas serão gravados conforme for rolando ao vivo, e disponibilizado no formato podcast, assim quem perdeu o "ao vivo" vai poder curtir depois, baixando no seu computador. Então mão na massa !!!!

Gostou? Então está esperando o que?
http://www.radiomusicmachine.com.br/

segunda-feira, 23 de junho de 2008

The Droog Organization Project: 10 anos

Estamos em forma! Depois de cerca de 2 anos sem tocar, ensaiamos no sábado passado, 21/06, para as comemorações de uma década da banda. Faremos alguns shows em agosto, podem deixar que divulgaremos tudo por aqui e também em nossa página no myspace. Se você não tem a mínima idéia do que eu estou falando, tenho uma banda, o The Droog Organization Project, com o meu amigo Snorks no contrabaixo e meu irmão Bruno na bateria. Tocamos rock, com influência principalmente do som de garagem dos anos 60 e 90, punk, e do surf rock instrumental. Em breve mais notícias das comemorações. A foto abaixo é do ensaio de 21/06.

domingo, 22 de junho de 2008

Tom Zé "de grátis"!!!!!!

A gravadora Trama lançou na última sexta, 20/06, seu projeto Álbum Virtual. Dentro do novo site, o internauta pode fazer o download de um disco completo de forma legal e sem pagar nada. Em entrevista ao Estado de São Paulo, o presidente da gravadora, João Marcello Bôscoli, comparou o formato ao da TV aberta: o telespectador não paga para assistir novela, assim como o internauta não pagará pelo disco. No Álbum Virtual, a despesa fica com um patrocinador (no caso o grupo VR), equivalente ao anunciante da televisão, que compra desta sua audiência. O mais bacana disso tudo é que, feito o download pelo site oficial (e não por programas ilegais de compartilhamento de músicas), o artista também ganha.
O inaugurador do projeto não poderia ser outro: Tom Zé. Como um inovador incansável, o Embaixador Musical de Irará-BA afirmou, também em entrevista ao Estadão, estar se sentindo "entre o osso jogado para o alto e a estação orbital", em referência ao filme 2001, Uma Odisséia no Espaço, do diretor Stanley Kubrick. O disco é Danç-Êh-Sá Ao Vivo, gravado no estúdio da Trama, em São Paulo. No repertório, oito faixas, sete delas retiradas do álbum homônimo, mas não gravado ao vivo, de 2006. A oitava, Xique Xique, é um tema recorrente no repertório do compositor, com a qual costuma fechar seus shows e que já apareceu, por exemplo, no álbum Nave Maria (1984), sob o título de Su Su Menino Mandú. As canções, todas sem letras, contém apenas onomatopéias, e o que difere este registro ao vivo do disco de 2006, são a sintonia dos músicos tocando juntos, os improvisos, e alguns bordões que Tom Zé solta entre um refrão e outro: "Esse Tom Zé é um vagabundo, vai perverter a sociedade", "como é que a juventude acompanha um energúmeno desses?", "o que será do mundo se a classe média começar a pensar?".
É possível baixar não só as oito músicas, mas encarte, vídeos e fotos. A Trama ressalta, na página principal do site, que o download estará disponível por tempo limitado. Em seguida promete lançar o álbum físico, para venda convencional. Se alguém vai comprar depois de ter baixado, fica a incógnita. Acredito que vai depender do preço. Eu, por exemplo, fiz meu download ontem mesmo mas devo comprar o cd físico quando sair. Vamos ver como o grande público vai ser atingido pela novidade. O projeto é no mínimo digno de acompanhamento e um olhar atento, já que as gravadoras e outros atores da indústria fonográfica brasileira estão fazendo de tudo para se adaptar ao número cada vez maior de formas de se produzir e distribuir música que vão surgindo. Se o Álbum Virtual vingar, vai ter muita major correndo atrás para tentar algo parecido, ou até mesmo igual.
O próximo lançamento do projeto é o novo disco do Cansei de Ser Sexy.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Omar Rodriguez-Lopez, guitar hero?

Ilustração: Bruno Oliveira

A edição de 12/06/08 (no. 1054) da revista Rolling Stone americana traz na capa 4 guitarristas: B. B. King, Jimmy Page (completamente grisalho!!!), Edward Van Halen e Omar Rodriguez-Lopez. Os menos habituados com o bom rock contemporâneo devem com certeza se perguntar: quem diabos é Omar Rodriguez-Lopez? Trata-se literalmente de 50% do projeto The Mars Volta, como ressalta o encarte do cd Amputechture, de 2006: "A parceria entre Omar Rodriguez-Lopez e Cedric Bixler-Zavala é o Mars Volta." É impossível definir o som da banda em poucas palavras. Com influências de punk, jazz de vanguarda, rock progressivo, música erudita e ritmos latinos (para citar somente algumas), e canções enormes de mais de 10 minutos, o Mars Volta imprime originalidade à cena musical mundial, tão martelada por fórmulas desgastadas.
Mas voltemos à matéria da Rolling Stone. O especial com guitarristas, agrupados sob a designação de guitar heroes, traz as dicas de sucesso de vários deles. As características de um típico guitar hero, além da habilidade com o instrumento, é claro, são as mais variadas: personalidade, excentricidade, criatividade, originalidade. Na foto da capa da revista, o tímido Omar posa ao lado desses três nomes considerados gigantes. Um mais por conta da técnica (Van Halen), o outro pela criatividade (Page) e enfim B. B. King, muito mais pela personalidade. Onde se encaixaria Omar no panteão dos guitar heroes? Grande parte do público que o Mars Volta conseguiu cativar é muito mais afim à música alternativa e ao punk rock do que a formas mais sofisticadas, como o progressivo, o heavy metal. Por isso mesmo é que o mérito de Omar está na criatividade e originalidade. Muito mais do que tocar mil notas por segundo, como o desnecessário Yngwie Malmsteen, Omar é inventivo, faz música que não é descartável, e por isso me fez pensar em quem considero o maior guitar hero de todos os tempos: Jimi Hendrix. Não por tocar fogo nas guitarras, mas por ter criado verdadeiras obras primas da música, como Are You Experienced?, Electric Ladyland e Axis: Bold as Love, que arrisco dizer, poderiam nem ter solos de guitarra tamanha a força das composições desses álbuns. Arranjos, sintonia de músicos, improviso, energia. Os discos de Hendrix são espetáculos, e o Mars Volta, à sua forma, está criando obras espetaculares também. Omar lembra que a maior influência de Hendrix sobre seu trabalho são as texturas sonoras, verdadeiras obsessões em suas criações.
Omar é porto-riquenho, tem hoje 33 anos, e sua primeira vontade em relação à música foi a de ser pianista de salsa. Com a ajuda de seu pai e alguns tios, através do caminho da percussão, conga especificamente, chegou ao contrabaixo e enfim à guitarra. Omar reúne em sua música duas realidades diferentes e a princípio incompatíveis, porque movimentos opostos de uma década: o punk rock e o progressivo. "Ouvi Black Flag com 12 anos de idade e King Crimson com 16. São pedras fundamentais na minha forma de compreender o rock cantado em inglês", confessou à Rolling Stone.
Ouvi Mars Volta a semana inteira, e também o fundamental Relationship of Command, do At The Drive-In, banda anterior de Omar e Cedric, mais agressiva e menos sofisticada, mais política e menos poética, mas não menos importante. Música que fará diferença na história do século XXI. Não por vender milhões de discos, mas por expandir limites.


domingo, 15 de junho de 2008

Love Guru: Mike Myers de volta à tela grande

Desde Austin Powers in Goldmember, de 2002, Mike Myers não viveu nenhum outro personagem de criação própria no cinema. Mas esse jejum termina em breve. Estréia nos EUA no próximo dia 20, com previsão para chegar aos cinemas brasileiros em 25/07, Love Guru, que aqui deve ser traduzido literalmente como O Guru do Amor. Myers vive o Guru Pitka, americano abandonado quando pequeno na Índia e criado por gurus locais. Depois de desenvolver seus métodos de terapia, alguns nada ortodoxos, Sua Santidade o Guru Pitka volta aos EUA em busca de fama e dinheiro num mundo tomado pela busca pela espiritualidade e a auto-ajuda.
O enredo do filme pode parecer bobo: A mulher de um craque de hóquei (esporte de que Myers é fã confesso) se separa dele e passa a viver com um jogador do time adversário. A motivação do ex-marido para jogar fica comprometida, e Pitka é contratado para reatar os laços entre o casal e restaurar o "Mojo" esportivo do atleta. O trailer também não ajuda muito. Das piadas características de Myers, apenas uma ou duas no máximo. As demais cenas escolhidas para vender o filme são todas mais para o gênero pastelão, que sempre esteve sim presente nos filmes do ator mas não é a tônica de seu estilo. Para os fãs de Myers, com certeza um trailer com efeito às avessas. De qualquer forma, não perco a estréia de jeito nenhum. Admiro muito o trabalho de Myers desde o programa Saturday Night Live, do qual participou de 123 episódios entre 1989 e 1997, dos quais confesso, assisti poucos. Quando o primeiro Austin Powers foi lançado, em 1997, para um fã de 007 e de Myers como eu a química perfeita estava atingida. Mas também gosto muito de Wayne's World, cuja tradução para o português não poderia ser pior (Quanto Mais Idiota Melhor). Myers trabalha um repertório de referências da cultura popular mundial com inteligência que poucos compreendem, por isso muita gente, ao comentar seus filmes, diz que são bobos e sem sentido.
A revista Esquire deste mês traz matéria de capa com o ator, atualmente com 45 anos. As fotos internas são engraçadíssimas, com suas caras e bocas habituais em situações triviais ou inusitadas. Em uma das fotos ele lava louça, em outra está caracterizado como um milionário, tomando champagne e servindo uvas a um porco de estimação. A matéria é extensa e quebra um período de 9 anos de Myers sem dar entrevistas do gênero.
Confiram o site oficial do filme, tem muito material bacana, como posições de yoga do guru, fotos dele com celebridades, links para perfis em vários sites de relacionamento, e outras das piadas características de Myers.

Para inspirar a semana que inicia, um pensamento do Guru Pitka, que não traduzo primeiro porque acho que não há necessidade, e segundo porque acabaria com a piada:
"An eye for an eye leaves everyone blind."


sexta-feira, 13 de junho de 2008

ABC Fiction chega à trigésima edição

Infelizmente só tive a oportunidade de comparecer a uma ABC Fiction, uns anos atrás.É um evento muito bacana, feito com carinho pelo pessoal do Zona Neutra, grupo de fãs de Jornada nas Estrelas que também é grupo de teatro. A foto do Worf aí ao lado é em homenagem ao Michel, que gosta "pouco" dos klingons e foi quem me passou o convite do evento. Amanhã também não poderei comparecer, mas quem gosta do tema e tem disponibilidade deve fazer uma forcinha pra ir. Abaixo as informações sobre o evento:

VOCÊ ESTÁ CONVIDADO PARA A XXX ABC FICTION
14 de junho de 2008 - 10h00 as 18h00

30 ABC FICTIONS! 7 Anos de sucesso!

Local: SEMEF - Segunda Escola Municipal de Ensino Fundamental
Rua José Benedetti, 550 - Bairro Cerâmica
São Caetano do Sul

Exibição de episódios de séries de Ficção Científica, palestras,
documentários, sorteios, exposições...
Tudo isso em um confortável auditório com telão e ar-condicionado

Entrada: 2 kg de alimentos não perecíveis.

Venha ajudar a construir um futuro melhor! Todos os que colaborarem com alimentos estarão concorrendo ao prêmio "Maior quantidade de alimentos" do evento e do ano, onde serão somadas as quantias trazidas em cada uma das ABC Fictions de 2008.

Grupo Zona Neutra

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Imodium EP

Sempre bom ver os amigos formando bandas, lançando trabalhos bacanas, buscando os momentos de criatividade em meio às rotinas tão aceleradas que temos. Esses dias o Guilherme Inhesta, meu colega de trabalho, fã do Cat Stevens e cinéfilo com C maiúsculo, me entregou o EP de estréia da sua banda, o Imodium. Além dele no contrabaixo, completam o combo Daniel P. (guitarra/voz) e Fabrício Trevisan (bateria), que também já trabalhou com a gente lá na Cultura. Basicamente rock, muito bem executado e produzido. Mórbida Pintura abre o EP, com um riff quase de heavy metal e vocais rasgados. Cidadão já tem um ritmo funkeado, e Miração arrisca uma pegada de ska até que Daniel entoe um dos versos mais divertidos do disco: "Charles Baudelaire não sabe que eu existo!!!". Factotum fecha o trabalho, a faixa mais tranquila e com um trabalho muito bacana de voz. A guitarra não tem muito floreio, básica e eficiente. As linhas de baixo, sempre contínuas, complementam bem o trabalho do Trevis na bateria. Um ponto, no entanto, me causou certo estranhamento: as quatro músicas são completamente diferentes uma da outra, e como cartão de visita o disco não dá idéia da proposta dos caras. Por outro lado, talvez a proposta seja essa mesmo, o que me faz lembrar da Seattle dos anos 90. As bandas da cidade eram completamente diferentes em termos de sonoridade, mas a mídia forjou um movimento que em comum tinha apenas o fato da cidade ter um clima muito feio e chuvoso, e os jovens locais verem a formação de uma banda de rock como principal alternativa para se divertirem. No som do Imodium tive a impressão de influências do Soundgarden e do Nirvana. Posso estar até um pouco equivocado mas não totalmente, já que os caras são da minha geração, que acompanhou todo o fenômeno denominado grunge. Enfim, nada disso desmerece o disco, mas unidade sonora causa mais impacto ainda num álbum, tópico para os caras refletirem quando fizerem um disco mais longo. Mesmo com todo o impacto da internet sobre as formas de produzir e reproduzir música, sempre vou acreditar no formato álbum como um conceito, o retrato de um momento especial na vida do artista. O trabalho gráfico também está bem caprichado. Para finalizar, não posso deixar de citar que a produção é do Rodrigo Tadeu Belíssimo, mais conhecido como Norton nos grotões paulistanos. O Tadeu também produziu uma música da minha banda, The Droog Organization Project. Lançaremos o material em breve, nas comemorações de 10 anos dos Droogs. O Imodium e o Tadeu são figuras carimbadas do Charm Lanches, na R. Augusta. O Inhesta inclusive é o responsável pela chave que dá acesso aos sanitários. Querendo encontrá-los para papear sobre o EP, o link está aí! Parabéns Imodium e Tadeu pelo trabalho!

O anti-torcedor

O país do futebol virou o país do anti-torcedor. E não precisa entender muito do assunto para saber disso. Basta ver o meu exemplo. Não torço para nenhum clube, só acompanho Copa do Mundo. No geral conheço apenas aquelas personalidades futebolísticas que transcendem o mundo do esporte e já viraram celebridade, como Zidane, Ronaldos, Platini, Zico, Maradona, etc..
O Sport, time Pernambucano, acaba de vencer o Corinthians Paulista por 2x0 e conquistar a Copa do Brasil. Nos arredores da minha casa, em São Paulo (e não só no Recife como já era de se esperar), comemorações efusivas aconteceram, pelo menos na Zona Norte, onde moro. Gastou-se dinheiro com fogos (e muitos!), gastou-se garganta na janela, e pelo teor dos gritos não eram corinthianos apoiando seu time até no momento ruim, e nem mesmo torcedores do Sport, mas sim de outros clubes paulistas que experimentavam o prazer mórbido de ver o Corinthians perder.
Quando o ser humano se compraz mais da derrota do outro do que de suas próprias conquistas, perdeu-se muito da sensibilidade e o resultado disso é a barbárie, que apesar de ter sido amenizada por medidas tomadas pelas autoridades do país ainda invade os nossos estádios e espaços públicos, mostrando torcedores incapazes de conviver com a diferença, que na real é a razão de ser do esporte. Se não existe o adversário, não há esporte. Eis então um paradoxo: saudades de um tempo que eu não vivi, em que o futebol era jogado, acompanhado e relatado com uma beleza que não existe mais. Experimentem, se é que já não o fizeram, ler os dois volumes de crônicas de Nelson Rodrigues sobre o futebol, À Sombra das Chuteiras Imortais e A Pátria em Chuteiras. Estão esgotados, não é fácil encontrar, mas vale o esforço.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Supermercado: mais novo ator de peso no mercado fonográfico internacional

Quem lida diretamente com o mercado fonográfico no Brasil sabe que as redes de supermercados que ainda trabalham com o suporte CD vivem ou de promoções que prostituem o produto, ou de lançamento superpopulares. Nos E.U.A., no entanto, a rede Wal-Mart vem conquistando um espaço um tanto diferente, ao realizar ações que eliminam o intermédio de grandes gravadoras tradicionais. Na terça passada foi lançado com exclusividade nas lojas da rede Revelation, um cd triplo do grupo Journey. Pela bagatela de U$ 11,98, o consumidor leva um CD de músicas inéditas, mais 1 com regravações de clássicos do grupo, e 1 DVD. Toda a negociação foi feita direto entre o Wal-Mart e o Journey, e 45.000 exemplares do produto foram vendidos em três dias. Esse não é o primeiro CD que a rede lança no formato. No ano passado, em parceria com o Eagles, fizeram o cd duplo Long Road Out of Eden, que chegou à marca de 3 milhões de exemplares vendidos.
Pensei nas vantagens do processo para as três partes envolvidas:
1) O artista: nos casos especificados, não se trata de grupos novos, mega vendedores de discos. O Journey e o Eagles acabam entrando nos catálogos das gravadoras como conceituais e nunca chegariam às tiragens mencionadas com o intermédio delas. Fora isso, há o ganho em dinheiro que envolve a própria negociação direta, e o fato de o artista entrar em evidência na mídia com muito mais força do que se lançasse por uma major, que geralmente lança de 7 a 10 discos por mês (no caso do Brasil, nos E.U.A. são mais títulos) e trabalha com destaque apenas 1 ou 2. Fora a distribuição, que não é problema, e sim solução, em se tratando de Wal-Mart no território americano.
2) O consumidor: adquire um produto de valor agregado evidente e por um preço mais que justo.
3) O Wal-Mart: o maior investidor do projeto não estaria envolvido se o negócio não fosse rentável. Pode fazer no ponto de venda o que bem quiser e trazer mais clientes às suas lojas por conta da exclusividade do produto.
Ações como essa colocam em pauta uma questão muito mais fundamental que pirataria, downloads, etc., e sinceramente acho que essas coisas estão acontecendo enquanto as gravadoras se preocupam com os problemas errados, e assim sua legitimidade está questionada. Quem vai perder tempo baixando um CD triplo de U$ 11,00? Uma ação como essa, desenvolvida pelo Journey e o Eagles, provam que os grandes artistas estão se apropriando, com as devidas ressalvas, dos formatos independentes de criação e distribuição de música. Os intermediários estão prestes a se tornar meros atravessadores.
Tomei conhecimento do assunto em matéria do New York Times de 09/06, que vocês podem conferir no link.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Lançamento da Revista Dicta e Contradicta

Acontece amanhã na Livraria Cultura do Conjunto Nacional o lançamento do primeiro número da revista Dicta e Contradicta, projeto do Instituto de Formação e Educação (IFE). Entre os autores que participam do primeiro número, além de Luiz Felipe Ponde e Bruno Tolentino, estão meus amigos, colega e ex-colega de trabalho, Dionisius Amêndola Valença e Martim Vasques da Cunha.
Segue sinopse: Dirigida ao público intelectualmente desperto, desejoso de conteúdos mais profundos, com a finalidade de fornecer uma revista semestral de cultura, acadêmica sem academicismo, com excelente apresentação gráfica, a revista discute temas de pensamento, comportamento, filosofia, literatura e arte, além de analisar situações e fatos que mantenham interesse a longo prazo. Mais do que apresentar e comentar a programação cultural em cartaz, fornece leituras interessantes e bases para a formação cultural. O artista plástico Paulo von Poser assina as ilustrações e o acabamento gráfico da edição nº 1 da revista. Além disso, entre os colaboradores estão - Bruno Tolentino, Luiz Felipe Pondé, Mendo Castro Henriques e Roger Kimball.

Estarei lá! Compareçam e prestigiem o trabalho do IFE
O evento começa às 19:00h.


domingo, 8 de junho de 2008

Twenty One: piano, baixo e bateria como nunca tocados antes!

Há uns 2 anos, num sábado à noite, estava ouvindo o Linha Imaginária, na Rádio Cultura (103,3 Mhz), quando fui surpreendido por um riff de piano matemático, acompanhado, após alguns compassos, por uma entrada de baixo e bateria igualmente coesa mas com um gás impressionante. Como o programa tem o formato de só dar os créditos após a execução de algumas músicas, me descuidei e acabei perdendo a referência, guardando apenas o título, Drummer Song. Mandei um e-mail para a rádio e poucos dias depois tive a resposta: o álbum era Twenty One (1994), da pianista Geri Allen. Completavam o trio ninguém menos que o classudo Ron Carter e o explosivo Tony Williams, baixista e baterista que tinham em seus históricos a participação no combo de Miles Davis num período memorável, mais ou menos de 63 a 68. Se fosse para aproximar o disco de alguma vertente específica do jazz, diria que a mais aparentada é o hard bop. Com Willians na bateria, qualquer bop ficaria hard, não tem jeito. Carter, que já foi chamado de Duke Ellington do contrabaixo, é preciso, mantendo a estrutura sólida perfeita para os vôos de Williams e Allen. Ela, hoje com 51 anos, foi aluna de Kenny Barron, e sabe muito bem dosar técnica e criatividade. Resultado, um disco indispensável. Entre as músicas, fora a já citada Drummer Song, a faixa de abertura RTG e o standard Tea for Two garantem as pauladas do disco, bem como Feed the Fire. São no total 12 faixas, sendo metade da autoria da pianista e o
restante standards. O que não ajuda muito, para falar a verdade, é a capa. Allen está elegante, de fato, com vestido preto de gala. O pano de fundo, todo meio amarelado, é bem simples. O estranho mesmo é o tipo de letra escolhido para o título e os créditos. Dá impressão de que foi coisa de Word feita por amador. Está certo que o importante é o conteúdo, mas logo a Blue Note, que tinha capas incríveis nos anos 60!!! Quanto à disponibilidade no mercado de cds, a edição é só importada e não está disponível para compra no momento, uma pena! Só para complementar com outra boa dica, Ron Carter e Geri Allen também estão juntos no filme Kansas City (1996), drama de Robert Altman ambientado na Kansas dos anos 30. Este sim acaba de sair no Brasil em DVD!


Sala de Espera

Sábado de manhã, acompanho minha mulher até um laboratório para alguns exames.
Na sala de espera, abro meu jornal, ritual diário que tem sabor especial aos sábados e domingos, quando a pressa é menor. Passo o olho sobre as notícias sobre o caso Dilma Rousseff/Varig. Marcelo Rubens Paiva homenageia Austregésilo Carrano Bueno, morto em 27 de maio, e comenta a pirataria de filmes e música na web. Meu deleite é tamanho em folhear o periódico, sujar as mãos de tinta, que mal percebo um sujeito chegar e se sentar na cadeira ao lado. Entre nós, apenas uma mesinha, onde eu tinha deixado o resto do jornal. Qual não foi minha surpresa quando o cidadão, um gordinho careca aparentando seus cinquenta e poucos anos, escolhe entre os cadernos do meu jornal algo para ler. Acabou ficando com o de Economia.
Ok, ele não imagina que o jornal é meu. Salas de espera sempre tem revistas e jornais para passar o tempo. Não faço menção alguma sobre minha propriedade, afinal de contas, que mal há em deixar o cara ler, inclusive um caderno que não me interessa muito? Volto a me concentrar na leitura, mesmo com a televisão no último volume, sintonizada no programa da Xuxa. Quem diabos escolheu o programa da Xuxa em um laboratório onde só vão mulheres adultas e seus acompanhantes? Enfim, vamos às notícias internacionais. Obama é o candidato dos Democratas.
Dali uns 5 minutos, entra na sala um casal jovem, a moça grávida, e o rapaz, com pinta de fanático por futebol, tem cara de que perderia até o parto do filho pra ver final de campeonato. Ávido por notícias do mundo futebolístico, antes mesmo de sentar busca o caderno de Esportes entre os vários do meu jornal. Mais uma vez não digo nada, continuo lendo e ouvindo a voz irritante da Xuxa.
Em pouco tempo, uns 15 ou 20 minutos depois de minha mulher seguir para a sala dos exames, meu jornal já está todo espalhado, restando a mim somente o caderno que ficou na minha mão, felizmente o de Cultura, que mais aprecio. Acabados os exames, minha mulher retorna. Quanto à saúde, nada com que se preocupar, que alívio! Ela pergunta baixinho se o que aquela gente toda está lendo é o meu jornal. Respondo que sim, e em seguida começo a recolher os cadernos. Alguns protestam, querem terminar de ler a notícia.
Moral da história: jornal de sala de espera não tem dono, adaptando o velho ditado sobre a falta de segurança que ameaça a dignidade de pessoas embriagadas!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

300, o filme: faltam as características de um bom épico

Ontem finalmente assisti 300 (2006), do diretor Zack Snyder, inspirado na HQ homônima de Frank Miller. Plasticamente perfeito, mas a sensação é de que falta alguma coisa. Por mais que o roteiro seja extremamente fiel ao quadrinho, a seqüência de ações parece brusca e atropelada, sem uma concatenação coerente. Me parece a particularidade da adaptação para o formato filme, porque esse estranhamento a HQ não causa, de jeito nenhum. Pensei um pouco e acredito também que além da adaptação, falta ao filmeum elemento essencial aos bons épicos cinematográficos: seqüências de diálogos envolvendo tensões políticas e dramáticas. Não que não existam, mas são raras, pelo menos no que tange à política que é tema da guerra: a seqüência inicial do mensageiro persa em Esparta, Leônidas diante de Xerxes, a Rainha Gorgo com Theron e em seguida diante do Conselho de anciãos. Fora isso, batalha. Ok, o relato é o de uma batalha, a das Termópilas. Mesmo assim, as imagens, belíssimas, é preciso admitir, se sucedem como num videoclipe gigante de duas horas, reproduzindo esteticamente alguns quadros da graphic novel com exatidão. É a estética efêmera e atropelada dos videoclipes influenciando cada vez mais a linguagem cinematográfica. E essa escassez de diálogos, que já citei como requisito de um bom épico, acabam transformando 300 em algo inédito: um filme épico de apenas 2 horas??? O tom arrastado e as contraposições diálogos/ação são clichês indispensáveis para um bom épico na tela grande, para que desenvolvamos empatia pelos personagens e entremos de fato na jornada dos heróis protagonistas. O Leônidas do cinema não nos dá essa oportunidade. Suas qualidades são impostas, ele e outros personagens do filme são apresentados de forma extremamente plana, mesmo que não o sejam na HQ. Por esses e outros fatores, filmes como Ben-Hur, Spartacus e Senhor dos Anéis tem todos mais de duas horas e meia. Acabei lembrando, não exatamente de outro épico, mas do fiasco que foi a refilmagem de Solaris, em 2002, por Steven Soderbergh. O filme tem uma hora e meia, e portanto perde justamente um dos aspectos mais marcantes da leitura de Tarkovsky para a obra de Stanislaw Lem: o tempo arrastado, o desespero da solidão no espaço e a falta de alternativas.
Enfim, uma pena a adaptação de 300 ser falha nesses aspectos. Poderia ser um filme mais marcante, no entanto acho que daqui um ou dois anos vai ser tão lembrado quanto outros medianos como o Tróia de Brad Pitt ou o Cruzada com Orlando Bloom. Nos cinemas, a melhor adaptação da obra de Miller ainda continua sendo Sin City, esta sim impecável.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Rapidinhas

1) Para reflexão: como pode uma senhora envolvida com causas humanitárias ir a uma instituição falar de seu trabalho vestida com um casaco de pele de animal?
Igor Oliveira

2) "A revelação foi feita, na quarta feira, pelo site do Discovery: uma pesquisadora da Universidade de Davidson descobriu ser possível produzir um computador à base da bactéria E. coli em vez de silício, que enorme contribuição poderá trazer à solução de complexos problemas matemáticos. Hospedada nas fezes, a Escherichia coli não passava de um microorganismo desprezível (...). Se a experiência se concretizar com sucesso, o Vale do Silício periga de ter seu nome mudado para Vale do Cocô."
Sergio Augusto, para o Estado de São Paulo, Caderno Aliás, p. J7, 01/06/08

3) "Nesta segunda-feira (02/06) o rock and roll vestiu preto. Morreu hoje na Flórida aos 79 anos Bo Diddley, um dos pioneiros do rock e uma das figuras mais influentes da história do rock. Ano passado Diddley sofreu diversos problemas de saúde, perdendo até alguns dedos dos pés por causa da diabetes."
Deni Martins, Rádio Music Machine. Artigo completo em http://www.radiomusicmachine.com.br/#

domingo, 1 de junho de 2008

Ewoks Vs Predator: hilário!!!!

Tem gente com tempo pra cada coisa na Internet!!!!
Confiram o engraçadíssimo vídeo em que os Ewoks, criaturas engraçadinhas de Star Wars: O Retorno de Jedi, enfrentam o Predador!
Ewoks Vs Predator

Um abraço a todos!

Istambul segundo seus músicos

Em 2004, o diretor alemão de descendência turca Fatih Akin convidou o músico Alexander Hacke, também alemão, para trabalhar na trilha sonora de seu filme Contra a Parede. No ano seguinte os dois voltaram a se juntar em Atravessando a Ponte: o Som de Istambul, documentário sobre a música da Turquia. A multiplicidade de estilos e a propriedade dos músicos para falar de seu país e sua cultura são dignos de nota. São retratados na tela desde um grupo psicodélico como o Baba Zula, passando pelo coletivo de DJs Orient Expression, os rockeiros das bandas Replikas e Duman, os irmão rappers Ceza e Ayben, o clarinetista Selim Sesler, os astros pop Erkin Koray e Orham Gencebay, os músicos de rua do Siyasiyabend, até as vozes belíssimas das cantoras Aynur, Brenna MacCrimmon e Sezen Aksu, esta considerada verdadeira diva da cultura popular do país. A obsessão e a fascinação de Hacke chamam a atenção, porque fatores indispensáveis para um bom documentário. Outro ponto interessante é o "fasil", espécie de roda de samba muito comum em uma região do país onde convivem muitos turcos e romenos. Trata-se de uma jam session com muita cerveja!!! Durante um fasil retratado no filme, Selim Sesler discorre sobre, o saz, instrumento de cordas de origem turca, e lembra que um tal de Flamo Mengue, de origem árabe, se estabeleceu da região da Espanha muito tempo atrás e notabilizou-se pela forma como tocava o instrumento, daí a origem da música flamenca. O saz, segundo Hacke, é o pai de todos os instrumentos de cordas.
Muitos outros músicos são retratados, e é realmente bacana ver o grau de conscientização política desses artistas, até porque viveram certas realidades de forma muito mais intensa e duradoura que nós, por exemplo. Para se ter uma idéia, até 1990, o idioma dos curdos, uma das principais etnias da região, era proibido nas rádios locais. Istambul é uma metrópole como muitas outras, mas a contradição é seu adjetivo mais característico, mesmo que isso possa parecer um lugar comum de qualquer metrópole mundial. A beleza detalhada das construções do Império Bizantino ainda se faz perceber entre os arranha-céus cinzentos; a cultura popular mundial convive com a local. Agora fiquei mais curioso ainda para ler o livro de Orhan Pamuk sobre a cidade!
O filme acaba de sair em DVD no Brasil e o lançamento é da Imovision, que tem em seu catálogo produções independentes nacionais e internacionais e esquenta uma porção do mercado de DVDs do país que, embora pequena em relação aos grandes estúdios de Hollywood, oferece opções a um público qualificado que faz questão de possuir e rever seus filmes prediletos.