quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Soderbergh saúda Preminger

Acaba de sair em DVD O Desinformante (The Informant, 2009), dirigido por Steven Soderbergh e estrelado por Matt Damon. O filme é baseado em fatos. Damon vive Mark E. Whitacre, químico executivo da agroindústria ADM que se envolveu, no início dos anos 90, em esquema de espionagem do FBI para investigação de crime de formação de cartel por parte da empresa onde trabalhava.
Além da história ser muito interessante e o desenrolar dos fatos prender a gente, chama a atenção o cuidado com figurinos, cenários e música. As roupas dos personagens e locações criam uma textura opaca, meio cinza e ocre, que permeia as relações dos burocratas das grandes corporações globais. A trilha sonora é do premiado Marvin Hamlisch, que entre outras peças marcantes compôs a música de A Chorus Line nos anos 70. Como bem definiu Christopher Coleman, no site Tracksounds!, trata-se de uma história análoga ao jazz por ser complexa porém divertida de se ver e ouvir.
Mas por que diabos citei Otto Preminger? Porque como bem lembrou o ilustríssimo Guilherme Inhesta, o poster do filme e a capa do DVD trazem à memória o cartaz de Anatomia de um Crime, inclusive postei os dois aí em cima para vocês conferirem. Sem falar que a música do filme de Preminger foi composta por Duke Ellington. Aí já vira assunto pra outro post!!!
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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Gladiador Dourado e o Fab Four

Devo ter lido essa história tão rápido da primeira vez que nem reparei na referência à capa de Abbey Road. O quadro está em um arco de história do Gladiador Dourado que vem sendo publicado na revista Dimensão DC - Lanterna Verde desde Janeiro de 2009. Especificamente no momento retratado (revista no.8 - p. 54), o Gladiador se junta aos Besouros Azuis de várias eras na esperança de mudar o passado e evitar a morte do seu amigo Ted Kord, o segundo Besouro. Aproveitando o trocadilho com os Beatles, os roteiristas Geoff Johns e Jeff Katz, e o desenhista Dan Jurgens (que inclusive foi quem criou o Gladiador) inseriram a referência, da qual tomei conhecimento só na seção de cartas de um número posterior da revista.
Como Dimensão DC - Lanterna Verde ainda está no número 18, é possível encontrar todas as revistas da série em lojas especializadas em HQ, como a Comix. Além obviamente das histórias dos Lanternas Verdes em vários momentos, inclusive do Lanterna da Era de Ouro, Alan Scott, a revista traz esse arco do Gladiador Dourado, que é muito bacana, prato cheio pra quem gosta de histórias com viagens no tempo.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"Esquece não pensa mais..."

Ao contrário do que diz o primeiro verso de "Dia 36", ta aí um momento que não dá para esquecer. Arnaldo Baptista esteve na Livraria Cultura do Conjunto Nacional no último sábado de Novembro de 2009, durante o Vira Cultura, para tarde de autógrafos do DVD Loki. Tinha gente de tudo quanto é canto. A fila ia do fundo da loja, ao lado do café, até a entrada da Al. Santos. Além dos DVDs Arnaldo acabou autografando guitarras, baixos, posters raros, CDs e vinis dos Mutantes e de sua carreira solo, e até conheceu um menininho batizado como Arnaldo em sua homenagem. Para mim e meus colegas que trabalharam para que o evento acontecesse com certeza fica o gosto bom do prazer de se trabalhar com aquilo que a gente gosta, e ver, como consequencia do nosso trabalho do dia-a-dia, um momento tão especial para tanta gente. Sobre o filme? Assisti do começo ao fim com um nó na garganta. Emocionante demais!
Esse post só não saiu antes porque só agora tive acesso à foto aí de cima.
Abaixo um link imperdível: a equipe que fez a cobertura do evento conseguiu uma pequena entrevista, em que Arnaldo fala de novos projetos e até tira um sarro da administração de Sergio Dias na nova fase dos Mutantes:

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Relationship of Command: At The Drive-In

Admitamos: lista de melhores disso ou daquilo é questão de ponto de vista. Mas o sábio Nick Hornby estava mesmo iluminado quando promoveu esse vício ao patamar de 8º pecado capital dos amantes da cultura popular. Foi irresistível falar das listas dos melhores álbuns da década de 2000 nos bate papos dos cafezinhos pós-almoço lá na livraria nos últimos meses. Vale lembrar inclusive que há controvérsias sobre o que se considera a década em questão, se 2000-2009 ou 2001-2010 (para os partidários desta há de vir uma lista no final deste ano, excluindo os discos de 2000 e incluindo os de 2010).
Divergências à parte, há alguns pontos pacíficos em todas essas listas, e eu costumo avaliar esses troços muito mais pela relevância no momento histórico do que propriamente pelo meu apreço ou não pelo álbum. Por exemplo, a unanimidade em relação ao Radiohead, que aparece em todas as listas com mais de 1 disco, é incontestável.
Compartilho com vocês essa divagação porque escrevo aqui da casa dos meus pais, e meu irmão Bruno tem em sua discoteca Relationship of Command (2000), do At the Drive-in, que não ouço há tempos e resolvi escutar hoje. Quem será que foram os mais de cem críticos, artistas e executivos da indústria fonográfica que a Rolling Stone convidou para opinar? E o Pitchfork, autodenominado o guia essencial da música independente? Em nenhuma das duas listas, e em tantas outras, justifica-se a ausência do álbum, e não é difícil encontrar blogs e sites reiterando essa impressão. Ao menos a New Musical Express listou o álbum como o 12º colocado da sua seleção, que é inclusive muito interessante porque traz links para vídeos no Youtube e resenhas publicadas quando dos lançamentos dos discos.


Se você nunca ouviu ou há muito não ouve Relationship of Command, faça-o imediatamente. Se for adepto da concepção de década "2000-2009" ainda dá tempo de montar sua listinha, dos 5, 10, 100, 1000 discos, e incluir o At The Drive-in com certeza.

Filme das Runaways? Para Emos e Crepúsculos!!!

Nenhuma efeméride relacionada ao histórico das Runaways justifica o lançamento de um filme sobre elas este ano. Mas em mais uma famigerada estratégia da indústria do entretenimento para faturar mais alguns milhões de dólares no mundo todo, o filme conta com Dakota Fanning interpretando Cherrie Currie, e Kristen Stewart no papel de Joan Jett.
Como se já não bastasse ter as duas senhoritas que estão em alta por conta da adaptação da saga Crepúsculo para as telonas, um retrato das Runaways é prato cheio para alimentar a estética da massa adolescente meio emo, meio glam que infesta os Shopping Centers e matinês do planeta. Enfim, o filme é tiro certo em um público que consome vorazmente. O que vai ter de mocinha de 16 anos cortando os cabelos a lá Joan Jett e procurando corpete e cinta-liga não está escrito.
Não que eu, que há muito gosto da banda, esteja reclamando. Ta aí uma oportunidade para a juventude abrir um espacinho para rock do bom entre os lixos que entopem seus i-Pods. As jurássicas "grandes gravadoras" devem perpetuar suas estratégias retardatárias e colocar alguma coisa das Runaways no mercado brasileiro nos próximos meses, porque hoje só tem disco importado mesmo, o que faz o download ilegal comer solto, sobretudo para uma geração de jovens que cada vez mais se acostuma a ter tudo de graça na internet.
O filme tem previsão de estréia em 19/03 por aqui. A direção é da italiana Floria Sigismondi, com experiência de trabalho com Sheryll Crow e David Bowie, em videoclipes. Sigismondi ficou frustrada por ter que cortar algumas cenas mais picantes, já que seu elenco é tão teen quanto a audiência visada.
O hotsite Runawaysmovie contém trailers, poster oficial, fotos e vídeos do Festival de cinema de Sundance, onde o filme foi exibido e Joan Jett se apresentou com os Blackhearts.