sábado, 25 de julho de 2009

The Woodstock Experience

Há muito tempo eu não via uma coleção de discos tão bacana! Ouço neste momento o CD com a apresentação de Santana no Festival de Woodstock, lançado pela Sony dentro da coleção Woodstock Experience, em virtude das comemorações pelos 40 anos do evento. São 5 volumes, com os artistas da Sony que se apresentaram no festival: Santana, Jefferson Airplane, Sly & The Family Stone, Janis Joplin e Johnny Winter. Cada álbum duplo contém um cd com o show completo do artista e outro com uma edição remasterizada de um álbum de estúdio da época. De Santana e Johnny Winter constam os álbuns de estréia. De Janis Joplin, I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!. O Jefferson Airplane entrou na coleção com Volunteers, e Sly & The Family Stone com Stand!
O que chama a atenção no caso específico de Santana é pensar que o grupo não tinha lançado nenhum ábum quando tocou em Woodstock. Seu disco de estréia, aquele com o leão na capa, só saiu alguns meses depois do festival. O texto do encarte do cd resume bem a importância do show para o grupo: "Quando subiram no palco de Woodstock, Santana era um desconhecido grupo de rock latino de São Francisco. Ao descerem do palco, eram sem dúvida uma lenda."
No quesito apresentação gráfica, a edição importada contém pôster e envelopes do tipo mini vinil, enquanto a nacional vem em embalagem de acrílico sem o pôster, mas com encarte contendo três capas, uma para a coleção, outra para o show e a terceira para o álbum de estúdio. No entanto, nada disso desmerece a edição nacional, e aqui eu vou inclusive correr o risco de ser acusado de nivelar por baixo. O fato é que, com a burrice que impera atrás das mesas dos escritórios das filais das grandes majors no Brasil sinceramente achei que essa coleção nem sairia por aqui. Fora isso, os álbuns de estúdio lançados dentro da coleção são todos excelentes, não estavam disponíveis em edições nacionais atualmente, e de outra maneira dificilmente sairiam. Uma iniciativa como essa merecia um esforço maior que as próprias gravadoras, pelo bem da música e da cultura. Imaginem Jimi Hendrix, Richie Havens e Crosby, Stills, Nash & Young em edições como essa!!!

Soprando as velinhas para Let It Bleed

Ta aí um bolo de que vale à pena soprar as velas. Let it Bleed é um dos discos mais importantes dos Stones por uma série de razões. Além de apresentar 9 canções imbatíveis, o álbum foi concebido em um dos períodos mais difíceis que a banda enfrentou, com a morte de Brian Jones aos 27 anos e a entrada de Mick Taylor. Cada um deles tocou em apenas duas faixas do disco: Jones tocou a autoharp em "You Got the Silver" e percussão em "Midnight Rambler"; Taylor fez guitarras em "Country Honk" e "Live With Me". A maior parte do trabalho de guitarra ficou mesmo nas mãos de Keith Richards, que também estreou no vocal solo em "You Got the Silver".
Vale citar alguns músicos que acompanharam os Stones na empreitada: Ry Cooder tocou bandolim em "Love in Vain" (Robert Johnson), uma das mais belas do álbum; o texano Bob Keys, eterno parceiro da banda, fez o solo de sax tenor em "Live With Me"; nos pianos contribuíram Al Kooper, Nicky Hopkins, Leon Russell e Ian Stewart, e não dá para não citar a belíssima voz da cantora de soul Merry Clayton no dueto com Jagger em "Gimme Shelter".
Refletindo o estado da banda na época, o disco tem sintonia perfeita entre a forma musical e o conteúdo das letras, profundamente dramáticas. Para trasmitir suas mensagens da tristeza e da desolação do ser humano afundado nas drogas e na depressão Jagger e Richards compuseram poesias algumas vezes figurativas ("Monkey Man" e "Midnight Rambler" são dois bons exemplos) e ampararam-nas nas mais diversas variantes do blues para dar vida a suas letras.
As canções de Let It Bleed são tão belas e marcantes que com o passar dos anos não deixaram de figurar nos set lists das turnês da banda. Na turnê Voodoo Lounge, melhor visita dos Stones ao Brasil, em diferentes apresentações ao redor do mundo eles chegaram a tocar 7 das 9 faixas do disco: "Live with Me", "Honky Tonk Women", "Monkey Man", "You Can't Always Get What You Want", "Love in Vain", "Let it Bleed" e "Midnight Rambler".
Let It Bleed foi lançado no final de 1969. É o oitavo álbum dos Stones considerando a discografia do Reino Unido, décimo na americana. A primeira edição em CD veio em 1986, e a ordem das faixas obedecia a mesma da contra-capa do LP, que não era na verdade a ordem correta deste pois fora alterada pelo artista Robert Brownjohn (responsável pela capa do álbum) por razões simplesmente estéticas. A edição remasterizada de 2002 (no Brasil 2003) corrigiu a ordem das faixas e deu a qualidade que o disco merecia em CD.
Para comemorar esses 40 honrando a importância de Let It Bleed basta seguir as instruções na ficha técnica:


"This record should be played loud."






sábado, 11 de julho de 2009

Neil Young: Fork In The Road

Musicalmente, Fork In the Road veio bem na esteira de Chrome Dreams II no que diz respeito à mescla de melodias suaves amparadas por belos backing vocals e o rock seco de guitarras distorcidas. "Just Singing a Song" e "Light a Candle" são minhas preferidas. A pegada blueseira é notória, exemplo é a faixa título. Ouvindo várias vezes gosto mais do disco a cada dia, mas Chrome Dreams II ainda tem momentos mais marcantes, isso se pensarmos em dois discos recentes e com os mesmos colaboradores na banda de Young.
Agora pensemos um pouco no quesito da crítica ao formato digital, downloads ou o que quer que seja. No vídeo da faixa título, que consta no DVD que acompanha o CD, o velho Young aparece plugando fones de ouvido em uma maçã, crítica mais que explícita à Apple e mais conceitualmente à música digital em geral. Mas ele não deve ter idéia do preço do seu disco na Terra Brasilis: R$ 65,00 em média para um CD + DVD áudio com 5 vídeos. Fora o fato dele pertencer ao cast da Warner, a major mais careira da indústria fonográfica brasileira, entra a questão de que optou-se aqui no país por lançar apenas a versão dupla (no exterior existe edição simples também). Lá fora a dupla está por U$ 18,00 em média e a simples U$ 14,00. Esqueçamos por um momento a desvalorização do real em relação ao dólar e imaginemos o que um sujeito americano acharia de chegar em uma loja de discos e encontrar um CD por U$ 60,00. Pois é essa a situação que vivemos aqui. Como se não bastasse, a Warner mantém, no catálogo brasileiro, do total de discos de Neil Young, apenas 8 títulos. Hoje em dia as práticas das grandes gravadoras mais encorajam do que inibem os donwloads ilegais.