sábado, 30 de maio de 2009

Delícia assistir filme despretensioso!!!!

Esclarecendo: alguma pretensão todo filme tem por trás. Quero dizer que é bom demais quando um filme não é realizado com a pretensão (quer de seu diretor ou estúdio) de ser grande, clássico, ou quaisquer outros adjetivos perigosos que se possa imaginar.
Acabo de assistir Anti-Herói Americano, que conta a história do americano comum Harvey Pekar, que um dia decidiu contar seu dia-a-dia através de histórias em quadrinhos, aproveitando que ninguém menos que Robert Crumb cruzara seu caminho. Mesmo que o pai do gato Fritz não fosse tão célebre na época em que os dois se conheceram, Crumb foi o primeiro a ilustrar as histórias de Pekar, e este não tem a metade do reconhecimento de Crumb. Ótima a ideia de contar no cinema a vida de um cara que mostrou que um artista brilhante pode estar na mesma pele de um homem medíocre. Louvável também contar uma história no cinema com o conceito formal dos quadrinhos, o que ressalta o quanto as duas formas de expressão estão entrelaçadas e o quanto as HQs são importantes para a evolução de todas as outras formas de arte do séc. XX em diante. Para concluir, no mínimo notável um artista enfrentar as armadilhas do autobiográfico em toda a sua obra. O limite entre o envolvimento e o distanciamento é o que define bons trabalhos e faz a diferença nesses casos. E a atuação de Paul Giamatti é soberba.
Sábado passado vi Todos Dizem Eu Te Amo, o filme que Woody Allen lançou em 1996. Em mais uma de suas pequenas comédias que reverenciam Manhattan e contém belos diálogos, Allen ainda presta uma homenagem aos filmes musicais americanos e consegue reunir um elenco de grandes nomes em atuações simples mas precisas: Alan Alda, Julia Roberts, Drew Barrymore, Tim Roth e Edward Norton são alguns dos atores. Tiro e queda para deitar na cama e dormir leve, leve.
Enfim, dois ótimos filmes. Realizações simples longe de serem produções grandiosas; pouco dinheiro e boas ideias!

Trajeto: Victor Assis Brasil

A gravadora Atração acaba de lançar pela primeira vez em CD Trajeto, disco do saxofonista Victor Assis Brasil de 1968. O CD saiu na coleção Galeria, que resgata pérolas do jazz e da música instrumental brasileiros das decadas de 60 e 70. O que mais me chamou a atenção no álbum foi a sensação de estar ouvindo mais uma daquelas célebres gravações da Blue Note da década de 60, isso em termos dos temas, das dissonâncias, dos improvisos (grande Jackie Mclean que não me deixa mentir!!!). Assis Brasil, em alguns momentos com grupo no formato trio e noutros com sexteto ou quinteto, mostra no disco que além do bom jazz tipicamente brasileiro, podíamos, tranquilamente, fazer aqui no Brasil um jazz mais aos moldes do som que se fazia nos E.U.A. no período e com a mesma qualidade. No repertório figuram desde standards clássicos, como "Round Midnight" e "Summertime", até composições do próprio saxofonista. Vale visitar o restante da coleção, que já tem discos de Eumir Deodato e Paulo Moura.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O novo longa metragem de Jornada nas Estrelas

Não é à toa que o Sr. J. J. Abrams emplacou Lost como um dos maiores fenômenos televisivos dos últimos tempos. O cara é bom mesmo. No novo longa de Jornada nas Estrelas, Abrams conseguiu mostrar uma nova história direcionando o filme para novos e velhos fãs, e mantendo a essência de cada personagem. E é o caso de um filme mesmo, com dinâmica de longa metragem, excelentes efeitos especiais à serviço da trama (Industrial Light & Magic), e não o andamento de uma espécie de episódio gigante com acontece com alguns outros longas da franquia. Apesar de explorados todos os personagens de destaque na tripulação da Enterprise da Série Clássica, o filme valoriza Spock e sua relação com os demais, o que enriquece a trama e destaca a atuação excelente de Zachary Quinto. A nova caracterização de vilões que são velhos conhecidos nossos também ficou muito interessante. Apesar de complexa, a trama não é nada complicada, e vai divertir os fãs mais xiitas, que não vão ficar acusando J. J. Abrams de blasfêmia em relação ao cânone da série, já que a escolha de uma história que se passa em tempos distintos, inclusive em um futuro possível, permite a abertura de precedentes que não ferem o que já conhecemos como Jornada nas Estrelas. Volto ao cinema logo logo para rever!

domingo, 10 de maio de 2009

The Eternal: Sonic Youth

O Sonic Youth saiu da gravadora Geffen e agora está na Matador. No site da gravadora a pré-venda (de CD ou LP) do novo álbum, The Eternal, que dá direito a um compacto em vinil como bônus não se extende ao Brasil, uma pena. Aqui no Brasil, por enquanto, apesar de uma ou outra gravadora trabalhar discos da Matador, ninguém se manifestou para lançar o Sonic. Ficamos restritos à edição importada, que sai lá fora no dia 08/06 e tem previsão para chegar aqui no dia 30 do mesmo mês. A Matador também prometia, para quem comprasse o disco na pré-venda, um arquivo em streaming do álbum, para já ir matando a vontade. Mesmo não tendo conseguido
comprar o disco via Matador, meu amigo Snorks conseguiu achar um link do disco em MP3 na internet e não resistimos. Abrimos duas geladas pra comemorar e ouvimos o novo disco na íntegra, o que nos garantiu uma semana com muito bom humor.
Com certeza The Eternal vai agradar os fãs dos últimos dois álbuns, Nurse e Rather Ripped. Esses três discos têm em comum músicas mais curtas, a serviço das canções, e momentos ‘noisy’ na medida certa. Como sempre não faltam aquelas passagens com arranjos de guitarras que dão vontade de ouvir o disco mais quinhentas vezes.
Vale à pena ressaltar alguns destaques que fazem de The Eternal um disco especial. Os vocais em duetos (de Kim Gordon com Thurston Moore e Lee Ranaldo) são uma novidade no som da banda, e novidade das boas. As músicas ‘Anti-Orgasm’ (Kim e Thurston) e ‘What We Know’ (Kim e Lee) ganham em beleza e dramaticidade por conta das duas vozes cantando juntas. ‘Poison Arrow’ é uma das minhas prediletas, composição que reafirma a influência que o Velvet Underground exerceu no conceito sonoro do Sonic Youth ao longo de toda a carreire destes. ‘Antenna’ é sublime, três guitarras mescladas a uma melodia altamente suave. ‘Walking Blue’, outra das minha favoritas, é daquelas músicas etéreas, que nos fazem ter vontade de sair voando. Encerrando o disco, ‘Massaging The History’ traz um elemento no mínimo inusitado no som do Sonic Youth: violões. Enfim, um disco belíssimo.

No link um outro comentário sobre o disco, do Felipe Romero, que trabalha comigo lá na Livraria Cultura.

"I lost my faith in the summertime, cause it don't stop raining" Oasis, São Paulo, 09/05/09

Show do Oasis é assim mesmo: a banda tocando, alguma iluminação, sem frescura, vai quem gosta mesmo e não está preocupado em ter surpresas ou momentos inusitados, até porque dessa vez tratava-se de um repertório que é mantido igualzinho durante toda a turnê do disco Dig Out Your Soul. Bacana ver como eles mantêm no set list canções do disco anterior Don't believe the true, um dos meus preferidos, do qual tocaram "Lyla", "The Meaning of Soul" e a belíssima "Importance of being idle". "Masterplan" também ficou muito boa, solene. Do disco novo, seis canções: "The Shock of the Lightning", "To be where there's life", "Waiting for the rapture", "Ain't got nothing", "I'm outta time" e "Falling Down", esta um dos grandes momentos do show.
Mais um ponto que não dá pra deixar de comentar: tomara que o Oasis dê sorte com o baterista Chris Sharrock, o cara é excelente, e completaria a formação Noel, Lian, Bell, Gem definitivamente.
Enfim, rock básico, do bom, valeu!