Sempre bom ver os amigos formando bandas, lançando trabalhos bacanas, buscando os momentos de criatividade em meio às rotinas tão aceleradas que temos. Esses dias o Guilherme Inhesta, meu colega de trabalho, fã do Cat Stevens e cinéfilo com C maiúsculo, me entregou o EP de estréia da sua banda, o Imodium. Além dele no contrabaixo, completam o combo Daniel P. (guitarra/voz) e Fabrício Trevisan (bateria), que também já trabalhou com a gente lá na Cultura. Basicamente rock, muito bem executado e produzido. Mórbida Pintura abre o EP, com um riff quase de heavy metal e vocais rasgados. Cidadão já tem um ritmo funkeado, e Miração arrisca uma pegada de ska até que Daniel entoe um dos versos mais divertidos do disco: "Charles Baudelaire não sabe que eu existo!!!". Factotum fecha o trabalho, a faixa mais tranquila e com um trabalho muito bacana de voz. A guitarra não tem muito floreio, básica e eficiente. As linhas de baixo, sempre contínuas, complementam bem o trabalho do Trevis na bateria. Um ponto, no entanto, me causou certo estranhamento: as quatro músicas são completamente diferentes uma da outra, e como cartão de visita o disco não dá idéia da proposta dos caras. Por outro lado, talvez a proposta seja essa mesmo, o que me faz lembrar da Seattle dos anos 90. As bandas da cidade eram completamente diferentes em termos de sonoridade, mas a mídia forjou um movimento que em comum tinha apenas o fato da cidade ter um clima muito feio e chuvoso, e os jovens locais verem a formação de uma banda de rock como principal alternativa para se divertirem. No som do Imodium tive a impressão de influências do Soundgarden e do Nirvana. Posso estar até um pouco equivocado mas não totalmente, já que os caras são da minha geração, que acompanhou todo o fenômeno denominado grunge. Enfim, nada disso desmerece o disco, mas unidade sonora causa mais impacto ainda num álbum, tópico para os caras refletirem quando fizerem um disco mais longo. Mesmo com todo o impacto da internet sobre as formas de produzir e reproduzir música, sempre vou acreditar no formato álbum como um conceito, o retrato de um momento especial na vida do artista. O trabalho gráfico também está bem caprichado. Para finalizar, não posso deixar de citar que a produção é do Rodrigo Tadeu Belíssimo, mais conhecido como Norton nos grotões paulistanos. O Tadeu também produziu uma música da minha banda, The Droog Organization Project. Lançaremos o material em breve, nas comemorações de 10 anos dos Droogs. O Imodium e o Tadeu são figuras carimbadas do Charm Lanches, na R. Augusta. O Inhesta inclusive é o responsável pela chave que dá acesso aos sanitários. Querendo encontrá-los para papear sobre o EP, o link está aí! Parabéns Imodium e Tadeu pelo trabalho!
Há 2 meses
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