Me perguntei esses dias se estou ficando velho, porque ando ouvindo muito mais música brasileira do que rock (a não ser muito Sonic Youth, é claro!), o que reflete minhas últimas aquisições fonográficas e o presente que comprei para o meu pai ontem.
Monica Salmaso foi uma cantora cujo trabalho demorei a digerir. Mas seu novo DVD, Noites de Gala, samba na rua, gravado em Março deste ano no Teatro Fecap, com as música de Chico Buarque que compõem o repertório do seu CD homônimo, não deixam dúvida. Nada como ver as interpretações, de Salmaso e do grupo Pau Brasil. Não tive a oportunidade de conferir o show que eles fizeram no ano passado na Cultura do Conjunto Nacional, então o primeiro contato foi mesmo pelo DVD. Levei ao meu pai, como diz meu amigo Erico Nuñez, um presente com segundas intenções. E realmente foi uma alegria passar o Dia dos Pais com meu pai e meu filho e assistir ao DVD com eles. A interação da cantora com o grupo, como ela mesma comenta nos extras do DVD, é o que difere um trabalho autoral do desempenho de um mero intérprete de letras. Todas as interpretações são impecáveis, mas destaco Quem te viu, quem te vê e Partido alto como as minhas prediletas. A cantora ainda abre espaço no show para uma interpretação do Pau Brasil sem ela, na música Pulo do Gato. Qualquer adjetivo que não o de uma execução matadora é injusto. Enfim, talvez não pelo caminho mais direto, porque precisei ver pra crer, me interessei muito pela obra de Mônica Salmaso. O DVD vale cada centavo, e meu pai adorou. Nem conhecia o trabalho da cantora.
Vamos agora de Esperanza Spalding. Há algum tempo falei aqui no blog do pianista Leo Genovese, que acompanha a cantora e contrabaixista no disco Esperanza, lançado este ano. Acabei comprando o CD porque me chamou muito a atenção só de ouvir lá na loja, o que não permite uma audição tão atenta, visto que estou lá pra trabalhar e não ouvir música. Enfim, o disco é impressionante, em primeiro lugar porque ela toca muito bem, e a equalização e a sonoridade do baixo são especiais, o que qualquer um que já tocou baixo preza, e muito, em qualquer gravação. Esperanza é uma cantora no mínimo diferente, com um timbre que não encanta à primeira ouvida mas com uma capacidade de florear e fundir seus solos de contrabaixo ao sketch singing que é só precisão e beleza. Comentei também no post sobre o pianista Genovese que o clima do álbum de Esperanza me lembrara uma fase de Mccoy Tyner, digamos, mais espiritual e voltada para as raízes da África, principalmente com os álbuns Extensions e Asante, ambos de 1970. Acredito mesmo que o lançamento nacional do álbum de Esperanza e sua vinda ao Tim Festival se devem, é óbvio, ao potencial comercial que a Universal Music viu no repertório de uma estrangeira que gravou dois clássicos da MPB (Ponta de Areia e Samba em Prelúdio, ambas cantadas em português no CD), mas o disco é muito mais que isso. As sonoridades, no geral, também remetem à melhor música feita no Brasil e às raízes africanas do jazz, o disco só tem músicos bons, gravação impecável e umas quebradeiras da pesada!
Por fim, Elis Regina. O que são R$ 13,90 pelo disco de 1977 de Elis, também conhecido como Caxangá, por ser essa a faixa que abre o álbum? Dá até vergonha pagar tão pouco. Elis, em total sintonia com grandes baluartes da música caipira refinada, Renato Teixeira e seu grupo Água, desfila um repertório visceral, dramático e sublime. Caxangá não dá nem coragem de comentar. E quando entra, no finalzinho, a voz de Milton Nascimento? Uma das canções que com certeza estará no meus fones de ouvido caso um dia eu resolva saltar de pára-quedas ou coisa que o valha. A melancolia de outras faixas, como Morro Velho e Sentimental eu Fico, carregam a essência do disco, mas esse clima é quebrado ao menos uma vez, pela energia de Colagem, que apesar de dançante e animada traz em sua letra lições de vida contundentes. Há muito eu estava me devendo esse disco, desde que peguei emprestado o LP da minha mãe e não queria devolver. Aliás, meus pais comentaram que foram a um show de Elis com esse repertório. Seu tivesse a idade que tenho hoje nos anos 70 ia torrar todo o meu dinheiro nesses shows, não tenho dúvida.
Ficam então as dicas, manjadas ou não, do meu momento cantoras. Se a constatação é essa, a de que estou ficando mesmo velho por conta das minhas preferências musicais, o Pete Townshend que me desculpe mas o verso dele não está com nada. E antes de vocês, que gostam do The Who, me crucificarem por minha afirmação, vale informá-los que semana passada ouvi Live at Leeds à exaustão!
Vamos agora de Esperanza Spalding. Há algum tempo falei aqui no blog do pianista Leo Genovese, que acompanha a cantora e contrabaixista no disco Esperanza, lançado este ano. Acabei comprando o CD porque me chamou muito a atenção só de ouvir lá na loja, o que não permite uma audição tão atenta, visto que estou lá pra trabalhar e não ouvir música. Enfim, o disco é impressionante, em primeiro lugar porque ela toca muito bem, e a equalização e a sonoridade do baixo são especiais, o que qualquer um que já tocou baixo preza, e muito, em qualquer gravação. Esperanza é uma cantora no mínimo diferente, com um timbre que não encanta à primeira ouvida mas com uma capacidade de florear e fundir seus solos de contrabaixo ao sketch singing que é só precisão e beleza. Comentei também no post sobre o pianista Genovese que o clima do álbum de Esperanza me lembrara uma fase de Mccoy Tyner, digamos, mais espiritual e voltada para as raízes da África, principalmente com os álbuns Extensions e Asante, ambos de 1970. Acredito mesmo que o lançamento nacional do álbum de Esperanza e sua vinda ao Tim Festival se devem, é óbvio, ao potencial comercial que a Universal Music viu no repertório de uma estrangeira que gravou dois clássicos da MPB (Ponta de Areia e Samba em Prelúdio, ambas cantadas em português no CD), mas o disco é muito mais que isso. As sonoridades, no geral, também remetem à melhor música feita no Brasil e às raízes africanas do jazz, o disco só tem músicos bons, gravação impecável e umas quebradeiras da pesada!
Por fim, Elis Regina. O que são R$ 13,90 pelo disco de 1977 de Elis, também conhecido como Caxangá, por ser essa a faixa que abre o álbum? Dá até vergonha pagar tão pouco. Elis, em total sintonia com grandes baluartes da música caipira refinada, Renato Teixeira e seu grupo Água, desfila um repertório visceral, dramático e sublime. Caxangá não dá nem coragem de comentar. E quando entra, no finalzinho, a voz de Milton Nascimento? Uma das canções que com certeza estará no meus fones de ouvido caso um dia eu resolva saltar de pára-quedas ou coisa que o valha. A melancolia de outras faixas, como Morro Velho e Sentimental eu Fico, carregam a essência do disco, mas esse clima é quebrado ao menos uma vez, pela energia de Colagem, que apesar de dançante e animada traz em sua letra lições de vida contundentes. Há muito eu estava me devendo esse disco, desde que peguei emprestado o LP da minha mãe e não queria devolver. Aliás, meus pais comentaram que foram a um show de Elis com esse repertório. Seu tivesse a idade que tenho hoje nos anos 70 ia torrar todo o meu dinheiro nesses shows, não tenho dúvida.
Ficam então as dicas, manjadas ou não, do meu momento cantoras. Se a constatação é essa, a de que estou ficando mesmo velho por conta das minhas preferências musicais, o Pete Townshend que me desculpe mas o verso dele não está com nada. E antes de vocês, que gostam do The Who, me crucificarem por minha afirmação, vale informá-los que semana passada ouvi Live at Leeds à exaustão!
5 comentários:
Pô! Agora vou ficar te imaginando pulando de para-quedas ouvindo Elis Regina...
Ótimo texto, delicioso de ler! Indicações serao tocadas na Radio Cultura Pta.
To sempre por aqui fuçando, continua mandando brasa!
Abço!
Viva Igor! Logo que vi Elis no título corri pra ler. Vou ouvir Esperanza imediatamente. E veja só, fiquei boquiaberta qdo vi o preço da versão nacional do cd Extraordinary Machine da Fiona Apple, R$ 13,90. Tem que ter!
;)
Igor,
Foi um domingo muito especial.
Quero compartilhar mais das suas coisas e preferências, por isso acesso sempre seu blog.
Um beijo
igor!eu tive a chance de ver esse show. realmente foi incrível.
tem tanta gente que acha que interpreta chico bem, principalmente cantoras dessa nova fase de 'mpbistas', mas a mônica salmaso e o grupo pau brasil deixam qualquer um no chinelo(com exceção para maria bethânia, claro)mas é isso mesmo que você comentou um trabalho de grupo, arranjos ótimos, são grandes interpretações mesmo.pois vale lembrar que os arranjos todos do chico são perfeitos porque são construídos a muitas mãos.fica a dica para você conhecer o cd voadeira, um dos primeiros da cantora(acho que 1999) e já mostrava ali um diferencial no que trazia para sua sonoridade, uma cantora muito culta(estou querendo dizer de boas referências e misturas).ao vivo é muito boa também, paguei caro no ingresso, mas valeu muito.e shows dela sempre valem(e ela se apresenta bastante no sesc a preços populares)vi umas 3x e ela é uma simpatia também.
ufa!é isso.um beijo!
mas faltou dizer tem uma canção muito fofa(nem o chico tem uma versão tão graciosa) é a bom tempo...e vale muito para nosso tipo de trabalho, para socializar um pedaço divertido da letra.
'Dou duro toda semana
Senão pergunte à Joana
Que não me deixa mentir
Mas, finalmente é domingo
Naturalmente, me vingo
Eu vou me espalhar por aí'
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