Há oito anos a Companhia das Letras lançou a coleção Literatura ou Morte, com a proposta de que escritores contemporâneos criassem histórias policiais nas quais autores consagrados fossem personagens. No ano seguinte ganhei de presente Borges e os orangotangos eternos, é claro que não por acaso, mas por indicação minha mesmo. Como começara a ler Borges e estava fascinado, o livro, escrito por Luis Fernando Veríssimo, me pareceu muito interessante. Mas só esta semana resolvi lê-lo. Na época achava que conhecia pouco a obra de Borges para entender outro texto amparado nela. Mesmo sabendo que ainda não li tudo que desejo de Borges (ou seja, tudo!), a leitura foi tranqüila.
E Veríssimo, brilhante.Vamos à trama: o cinqüentão Vogelstein, morador de Porto Alegre, recebe um convite para congresso sobre a obra de Edgar Allan Poe que acontecerá em Buenos Aires. Na capital argentina, após o coquetel de abertura do evento, se vê envolvido no assassinato de um dos participantes, o alemão Joachin Rotkopf. Por ter tantos desafetos entre os presentes, a morte de Rotkopf tem muitos suspeitos e é um prato cheio para Vogelstein e seu ídolo Jorge Luis Borges.
Veríssimo conseguiu criar uma história que homenageia Borges à medida que brinca com a idéia de uma história dentro da outra e tem o próprio escritor como personagem para especular sobre o assassinato e por fim desvendar o mistério.
O autor-personagem de Veríssimo se transforma em alguém de carne e osso, talvez mais real do que o próprio Borges que imaginamos. Os três ou quatro encontros do protagonista Vogelstein com o autor do Aleph nos dão a impressão de estar ali, fora o fato da narrativa o tempo todo ser dirigida ao próprio Borges, como um flashback por carta, literalmente um livro que relata todo o acontecido.
O Borges de Veríssimo ainda é capaz de dar lições de imaginação para Vogelstein escritor:
"Escrever para recordar."
Em meus reles exercícios de escrever, nunca mais esqueço essa máxima, seja ela do Borges autor ou do personagem. Cada vez mais escreverei para recordar.
Apesar do livro estar esgotado na editora, não deve ser difícil de encontrar em sebos ou pela internet. Diversão garantida para os fãs de Borges, Poe, Veríssimo ou simplesmente de uma boa história de mistério. Tanto melhor se gostares dos quatro.
Veríssimo conseguiu criar uma história que homenageia Borges à medida que brinca com a idéia de uma história dentro da outra e tem o próprio escritor como personagem para especular sobre o assassinato e por fim desvendar o mistério.
O autor-personagem de Veríssimo se transforma em alguém de carne e osso, talvez mais real do que o próprio Borges que imaginamos. Os três ou quatro encontros do protagonista Vogelstein com o autor do Aleph nos dão a impressão de estar ali, fora o fato da narrativa o tempo todo ser dirigida ao próprio Borges, como um flashback por carta, literalmente um livro que relata todo o acontecido.
O Borges de Veríssimo ainda é capaz de dar lições de imaginação para Vogelstein escritor:
"Escrever para recordar."
Em meus reles exercícios de escrever, nunca mais esqueço essa máxima, seja ela do Borges autor ou do personagem. Cada vez mais escreverei para recordar.
Apesar do livro estar esgotado na editora, não deve ser difícil de encontrar em sebos ou pela internet. Diversão garantida para os fãs de Borges, Poe, Veríssimo ou simplesmente de uma boa história de mistério. Tanto melhor se gostares dos quatro.
Um comentário:
Achei esse livro muito bom, o LFV acertou em cheio a escrita :-) Li ele em 2001 (lembro porque fui lendo no busão pra ir ver o show do Clapton). Pretendo relê-lo (certo isso?) depois que ler alguma coisa mais de Borges (só li "O Aleph" e a "História Universal da Infâmia"), mas tá complicado arrumar tempo
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