Impressionante no documentário Beyond the lighted stage é ver quantos caras de bandas tão diferentes admiram o trabalho do Rush e tiveram suas vidas marcadas pelo som da banda. De Billy Corgan (Smashing Pumpkins) a Vinnie Paul (Pantera), de Kirk Hammet (Metallica) a Jason McGerr (Death Cab for Cutie). Interessante também ver a banda com o primeiro baterista, John Rutsey. O "novato" Neil Peart, como o chamavam Geddy Lee e Alex Lifeson quando da troca de bateristas, se tornou, com o tempo, um pilar do grupo, porque além de um baita músico também é o principal letrista da banda.
O Rush estourou fora do Canadá, nos EUA, graças à visão (e ouvidos) da DJ Donna Halper, da rádio WMMS de Cleveland. Halper sacou que Working Man teria aceitação massiva em uma cidade industrial como Cleveland. Curioso, não? Entre outros momentos bacanas destacam-se a grande maturidade musical de Permanent Waves e Moving Pictures (que ouço neste instante), as experimentações com o aparato eletrônico, uma RushCon (isso mesmo, uma convenção bem ao estilo nerd) , o exílio sobre duas rodas de Peart após a perda de filha e esposa em curto espaço de tempo, e enfim um trecho do show do Rio de Janeiro, que arrepia! Entre os extras, destaque para uma versão de "La Villa Strangiato" ao vivo, de 1979, que acabou de me fazer lembrar do comentário de Mike Portnoy (Dream Theater) no documentário: "saber tocar YYZ tudo bem, quero ver tocar 'La Villa Strangiato'!" O Rush vem aí novamente e não sei se vou conseguir vê-los. Minhas férias já estão planejadas e o dinheiro já tem destino meio certo, mas quem sabe não sobram alguns merréis!
O andróide Data, de Jornada Nas Estrelas - A Nova Geração, protagoniza dois episódios da referida série para deixar qualquer pai nerd emocionado. Em "Descendência" (data estelar 43657.0), da terceira temporada, Data constrói uma andróide para ser sua filha, continuando o trabalho de seu criador, o Dr. Noonien Soong. Já em "Irmãos" (data estelar 44085.7), da quarta temporada, Data assume o controle da Enterprise de maneira inesperada, isolando todo o pessoal fora da ponte de comando e raptando a nave, que o levara a um encontro com o Dr. Soong, que ele acreditava estar morto. Para quem não está habituado com a série, Data é um andróide ávido por sentir as emoções humanas, o que faz dos episódios citados momentos realmente especiais para o desenvolvimento do personagem e a série em si.
Em tempo: passei um fim de semana espetacular com o meu filho, Pedro. Depoimentos embasados atestam que o meu pequeno vai ser mil vezes mais nerd do que eu. Vida Longa e Próspera! Feliz dia dos Pais!
Está em cartaz em 22 salas de cinema do país o documentário Uma noite em 67, sobre a final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Os diretores Renato Terra e Ricardo Calil recontam a história desse zeitgeist da Música Popular Brasileira alternando depoimentos de participantes do evento com as apresentações dos cinco finalista do festival: Edu Lobo, Gilberto Gil, Chico Buarque, Roberto Carlos e Caetano Veloso. Não poderia faltar a polêmica apresentação de Sergio Ricardo, que quebra o violão e joga na platéia após algumas tentativas de cantar sua "Beto bom de bola" debaixo de vaias ininterruptas.
Ta aí uma história que me deixa profundamente emocionado. Os causos e curiosidades contados por Sergio Cabral, Paulinho Machado de Carvalho, Zuza Homem de Mello e outros que ali estiveram são divertidos e ilustrativos, apesar da diversão mesmo ficar por conta do Chico Buarque, que está descontraidíssimo tanto nas entrevistas atuais quanto nas de bastidores do evento. E sua "Roda Viva" garante um dos grandes momentos do filme, com direito a entrevista recente também o MPB4, seus companheiros no festival. Bacana ver Roberto Carlos cantando samba. E não faltam no filme menções à famosa passeata contra a guitarra elétrica, episódio emblemático da história da nossa música.
É impressionante ver como Caetano Veloso reverteu a reação da platéia a seu favor durante a execução de "Alegria, Alegria", previamente atacada por conta do uso de uma banda de rock, que já era conhecida de jurados, organização e público. Para abalar as estruturas do festival, Caetano se apresentou com os argentinos Beat Boys, Gilberto Gil fez seu "Domingo no Parque" com os Mutantes, que esbanjaram graça e uma alegria um tanto inocente. Entre os depoimentos de Gil e Caetano, chama a atenção o momento em que este afirma que o tropicalismo teve como motivação, entre outros fatores, o que os ingleses estavam fazendo com o rock, observação que me fez lembrar da canção "Coragem pra suportar", do álbum de 1968 do Gil. "Coragem" é um autêntico rock inglês do sertão do Brasil, psicodélico e nordestino, a seca das caatingas ao som de "Still I'm sad", dos Yardbirds. O próprio Gil também chega a citar sua fascinação pelos Beatles na época, mas se expandirmos a associação da Tropicália com o rock inglês o assunto dá pano pra manga.
Por ironia do destino, enquanto o desclassificado Sergio Ricardo quebrava e jogava na platéia seu violão, o vencedor Edu Lobo pede a viola pra cantar. Quando, no decorrer do filme, discorre-se sobre qual seria a música de festival por excelência. Sem se chegar a uma conclusão única, a sensação é a de que "Ponteio" venceu porque é a música perfeita para o momento, com sua evolução que deixou a platéia extasiada.
Bastassem as imagens da época, das canções executadas na íntegra, o filme já valeria à pena. Há quem se contente com o Youtube, mas na telona a coisa é de arrepiar. A música brasileira, dali em diante, tomou rumos sem precedentes, e talvez o ponto mais interessante de um filme que se proponha a contar tal momento é o de mostrar como esses protagonistas da nossa música tinham sim pretensão de fazer bonito, apresentar boas canções, ganhar o festival, mas não de mudar a história. A noite da finalíssima do III Festival de Música Popular Brasileira torna-se cada vez mais importante à medida que, mesmo que o Brasil não deixe de ter, de tempos em tempos, novidades interessantes na música, fica difícil pensar numa convergência de gênios como essa acontecendo de novo.
Confira hotsite do filme, com entrevistas dos diretores e outros conteúdos.
Em primeiro lugar sou pai do Pedro; além disso, sou Bacharel em Língua Portuguesa pela USP; Pós-Graduado em Comunicação Jornalística pela Cásper Líbero; pesquisador do grupo de estudo sobre a atualidade da Teoria Crítica, organizado e coordenado pelo Prof. Dr. Cláudio Novaes Pinto Coelho, na Cásper Líbero; Comprador de DVDS da Livraria Cultura; Guitarrista e vocalista do The Droog Organization Project.