Após longeva gestação eis o disco de estréia do Deriva. Mas antes, se faz necessária apresentação desses cinco cidadãos paulistanos que nos presenteiam com sons e idéias tão criativos. Bruno (D), Diogo (B), Nóia (G), Snorks (G) e Viny (V) juntaram suas experiências e vivências para criar uma banda que não é punk nem hardcore, não é jazz nem dub, mas ao mesmo tempo tudo isso junto. Suas melodias são suaves e violentas, dissonantes e naturais, enfim, marcantes porque antitéticas. Uma música que nunca é linear à medida que nunca acaba como iniciou, no mesmo ritmo e com a mesma estrutura.
O som do grupo serve o propósito de amparar canções e idéias que protestam sem clichês, apesar de tratar, eventualmente, de assuntos tão exaustivamente visitados como a Sociedade do Espetáculo de Guy Debord. O conflito entre o indivíduo e o coletivo é tema constante nas letras, inclusive os derivas captam precisamente em que ponto os dilemas dessas duas instâncias dialogam, coincidem. Tão complexa quanto a música do quinteto é a motivação para a escolha dos títulos das canções, tão irreverentes quanto enigmáticos.
O Deriva já lançou outros registros desde sua formação, em 2004, mas este Manual de Como Não Fazer é o primeiro lançamento em formato, digamos, mais próximo do que conhecemos como um LP. São 10 faixas que contemplam bem o que a banda é hoje, madura tanto pela constância de apresentações ao vivo quanto pelo processo de gravação do registro. “68-98” não foi uma escolha aleatória para a abertura do disco. Cartão de visitas da banda, a canção resume muito da proposta do grupo. Experimente ao vivo, uma paulada! E o melhor é que os derivas levaram esta vibração para a gravação, coisa que nem todo mundo consegue quando entra num estúdio. “Michelle Bernstein sobrevivia de horóscopo de cavalo” quebra o ritmo e arrisca até a te tirar pra dançar, mas só até o momento em que as guitarras passam a passear aleatórias em eventuais encontros que só parecem casuais. “Helicóptero”, dub tenso que dá a sensação exata dos ‘helicópteros a sobrevoar’ uma zona de conflito que pode ser em qualquer lugar desse planeta, revela desfecho surpreendente: intenso, suave e preciso, quem sabe trilha para inspirar os revolucionários a abater os tais helicópteros. “Admitindo-se isso, tudo mais decorre” é um retrato entrecortado de desilusões, momento de encarar que às vezes nos vemos transformados naquilo que mais combatemos. “El jardín de infantes es uma carrera mamá?” é um dos melhores momentos do disco, na letra, nas passagens, no poder de síntese. Segue-se o soco na boca do estômago “Lemas da fachada branca”, com bateria cadenciada e tribal. “Suor, calafrios e náusea”, que um dia já foi “Teoria e Prática” (sim, os derivas tem o hábito de criar letras e títulos totalmente novos para suas músicas), promove uma quebra na seqüência intensa que vinha desde “Admitindo-se”, com ritmo mais arrastado, preparando os ouvidos para “Bruno #2” e “Rua Manoel Jose Ratão”, canções que concentram o momento mais viajante e expansivo do disco. “Mate um formador de opinião”, décima faixa do álbum, traz o desfecho perfeito, e como os derivas são sujeitos de palavra, que cantam e tocam o que são, vivo hoje recluso e escondido, sob pena de pagar com minha vida as linhas que você acabou de ler.
O som do grupo serve o propósito de amparar canções e idéias que protestam sem clichês, apesar de tratar, eventualmente, de assuntos tão exaustivamente visitados como a Sociedade do Espetáculo de Guy Debord. O conflito entre o indivíduo e o coletivo é tema constante nas letras, inclusive os derivas captam precisamente em que ponto os dilemas dessas duas instâncias dialogam, coincidem. Tão complexa quanto a música do quinteto é a motivação para a escolha dos títulos das canções, tão irreverentes quanto enigmáticos.
O Deriva já lançou outros registros desde sua formação, em 2004, mas este Manual de Como Não Fazer é o primeiro lançamento em formato, digamos, mais próximo do que conhecemos como um LP. São 10 faixas que contemplam bem o que a banda é hoje, madura tanto pela constância de apresentações ao vivo quanto pelo processo de gravação do registro. “68-98” não foi uma escolha aleatória para a abertura do disco. Cartão de visitas da banda, a canção resume muito da proposta do grupo. Experimente ao vivo, uma paulada! E o melhor é que os derivas levaram esta vibração para a gravação, coisa que nem todo mundo consegue quando entra num estúdio. “Michelle Bernstein sobrevivia de horóscopo de cavalo” quebra o ritmo e arrisca até a te tirar pra dançar, mas só até o momento em que as guitarras passam a passear aleatórias em eventuais encontros que só parecem casuais. “Helicóptero”, dub tenso que dá a sensação exata dos ‘helicópteros a sobrevoar’ uma zona de conflito que pode ser em qualquer lugar desse planeta, revela desfecho surpreendente: intenso, suave e preciso, quem sabe trilha para inspirar os revolucionários a abater os tais helicópteros. “Admitindo-se isso, tudo mais decorre” é um retrato entrecortado de desilusões, momento de encarar que às vezes nos vemos transformados naquilo que mais combatemos. “El jardín de infantes es uma carrera mamá?” é um dos melhores momentos do disco, na letra, nas passagens, no poder de síntese. Segue-se o soco na boca do estômago “Lemas da fachada branca”, com bateria cadenciada e tribal. “Suor, calafrios e náusea”, que um dia já foi “Teoria e Prática” (sim, os derivas tem o hábito de criar letras e títulos totalmente novos para suas músicas), promove uma quebra na seqüência intensa que vinha desde “Admitindo-se”, com ritmo mais arrastado, preparando os ouvidos para “Bruno #2” e “Rua Manoel Jose Ratão”, canções que concentram o momento mais viajante e expansivo do disco. “Mate um formador de opinião”, décima faixa do álbum, traz o desfecho perfeito, e como os derivas são sujeitos de palavra, que cantam e tocam o que são, vivo hoje recluso e escondido, sob pena de pagar com minha vida as linhas que você acabou de ler.
Um comentário:
ótimo realease. ao vivo é outra coisa.
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